Ele bateu a tua porta
de mansinho...
Era apenas um menino
a te pedir um pão,
e por que não,
um pouco de carinho
num aperto de mão?
Foste tocada pelo seu olhar
e, acolhendo-o em teu seio
permitiste-lhe olvidar
todo receio
que lhe torturava o coração.
Horas mais tarde,
bateram novamente
à tua porta.
Agora, era uma irmã,
infeliz e doente,
que te rogava
um pouco de atenção.
Era uma alma ferida
pelos espinhos da desilusão.
Acolheste-a comovida
dizendo-lhe palavras boas
que soaram aos seus ouvidos
como terna canção,
dando-lhe alento para prosseguir
nos caminhos da vida.
Mal havia consolado a irmã,
eis que te buscou
trêmula anciã.
Os cabelos em franco desalinho,
os olhos baços,
revelando os extremos cansaços
de sua alma a sofrer.
Agasalhaste os seus membros frios,
dando-lhe o caldo reconfortador,
ouviste, atenta,
a sua queixa triste
e lhe disseste baixinho: "Deus existe,
e há de sustentar-te em Seu Amor!"
Já era noite, quando alguém
veio outra vez,
à tua porta bater.
Correste a atender.
Ao abri-la, no entanto,
viste, apenas, uma Estrela de Luz
que adentrou teu lar
e te envolveu em ondas de emoção.
"Eu sou Jesus!"
E a voz que da estrela partia
era como um sussurro
repleto de harmonias,
despertando em tua alma
secretas alegrias.
E prosseguiu a voz enternecida:
"Alma querida,
em vão bati em tantas portas
mendigando,
em formas diferentes...
Na feição de um menino...
De uma mulher sofrida...
De uma pobre anciã...
E ao receber-me, todos me diziam:
- Hoje, não!
Amanhã...amanhã...
Mas em teu lar encontrei
um teto amigo
que se transformou
em doce abrigo
para acolher-me, enfim!
Por isso, hoje e para sempre
ficarei contigo!
Alma irmã...Vem a mim!..."
Autora espiritual : Icléia
Livro: Evangelho em prosa e verso
Edição: Lar de Tereza
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